sexta-feira, 29 de maio de 2015

Entrega total de si

     Nessa semana após Pentecostes, as leituras me fizeram refletir muito. São passagens que nos levam a repensar como está nossa relação com o Senhor. Até Pentecostes as leituras nos preparavam para a grande descida do Espírito Santo, onde realmente começa a missão dos Apóstolos. Para nós esse tempo também é o momento de renovarmos o nosso SIM, a nossa entrega. As leituras do início da semana nos falam das renúncias que são necessárias e que apegos não são bem vindos quando se trata de seguir o Senhor. Quantas vezes pensamos seguir tudo o que nos pede a Igreja, mas esquecemos que nosso coração é apegado ao dinheiro, aos bens, às pessoas. Somos como o jovem que aparece no Evangelho de Marcos (10, 17-27), queremos seguir Jesus, mas não queremos deixar tudo para trás. O problema não está em ter bens, mas em amar mais esses bens que ao Senhor a ponto de colocar empecilhos no seu seguimento.
        Outro ponto importante dos Evangelhos dessa semana está em que não podemos servir querendo recompensa. A livre entrega consiste em tudo dar em nada esperar em troca, nem bens, nem glória, nem fama, nem amigos, nem nada em recompensa. É ter a certeza que a vida será de lutas, perseguições e conquistas, mas tudo isso para a glória de Deus. A doação total de si mesmo é o maior ato de amor que podemos ter com Jesus. “Deixamos tudo e te seguimos” (Mc 10, 28-31), nada é nosso, a nada somos apegados, diferente do exemplo do parágrafo anterior. Porém, nada adianta tudo deixar se esperamos recompensa.
         É o que Tiago e João queriam (Mc 10, 32-45), o melhor lugar no Reino dos Céus, pois aqui na terra serviram ao Filho de Deus. Jesus é claro ao dizer que ser servo é a atitude que os seus seguidores devem ter. Servir, amar, se doar pelo irmão, por aquele que necessita de nós. E a recompensa? Um verdadeiro servo não busca recompensa, mas somente agradar o Senhor.
           Só podemos ter essa doação total, essa vida de servidão, se tivermos uma fé sólida, firme, como a de Bartimeu (Mc 10, 46-52). Diferente do que muitos de nós fazemos, que ficamos a “beira do caminho”, cruzando nossos braços e esperando que Jesus venha curar nossas feridas, Bartimeu foi audacioso, corajoso e não deixou de acreditar que, se suplicasse, Jesus o atenderia. Sua fé foi tanta que ele não pediu ao Cristo um “trocadinho”, um pouco de comida ou uma bengala, mas sim sua cura, “que eu veja”. Quantas vezes deixamos que nossos apegos nos ceguem, nos deixem sentados, sem ver o Senhor passar, sem confiar o suficiente para deixarmos tudo?
            Quando ficamos como que cegos, acabamos deixando morrer a fé em nós, pois os apegos e as seduções do mundo acabam por nos impedir de dar frutos. Quais são os frutos que o Senhor espera de nós? Como temos correspondido? Será que somos como essa figueira (Mc 11, 11-26) que por não produzir mais frutos, por não ter mais vida, seca e se destrói ou somos como o Bartimeu, que sabia da sua pequenez, das suas limitações, mas resolveu depositar tudo o que tinha nas mãos do Senhor, confiando que Ele faria o que fosse o melhor? Como está nossa relação com os apegos, com os bens materiais? Será que amamos a Cristo mais que às coisas e às pessoas ou para Jesus só sobra aquilo que não me pesa, não me custa?

            Rogo ao Senhor que faça o meu e o seu coração um coração totalmente livre. Livre para se doar naquilo que for o Chamado de Deus na minha e na sua vida.

Que Deus nos abençoe!
Michi Cristina

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