sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O dia que me tornei "um desses pequeninos"


Tantas vezes li as passagens evangélicas onde Jesus ressalta a importância de ajudar os pequeninos, os sofredores, os que são abandonados e que se encontram sozinhos, a beira do caminho, com fome, sede, frio, medo e escuridão. São esses pequeninos os mais amados por Jesus e são aqueles que Jesus pede que socorrermos, dispensando um pouco do nosso tempo e do nosso servir para se dedicar a eles.
O interessante é que temos o costume de pensar que nunca estaremos no lugar dos pequeninos, que seremos sempre grandes e fortes e nunca precisaremos de ninguém. Você pode até não concordar comigo, mas estou quase certa ao afirmar que você nunca se colocou no papel do homem ferido ao chão, mas somente analisou se faria como o Bom Samaritano, que foi em socorro do necessitado. Bom, se você já se colocou no lugar do pequenino, parabéns! Significa que você já deu um passo a mais na caminhada. Ou talvez, como eu, já se sentiu ferida, furtada da alegria e da esperança e ao se ver jogada à beira do caminho, vê também tantos passarem por sua vida sem sequer oferecer um copo de água. O samaritano demora a chegar e você se pergunta o que fez para merecer estar nessa situação. Se vê sozinha, suas feridas abertas e muitas vezes expostas, mas as forças já estão tão ao final que não consegue nem mais pedir ajuda.
O que mantém nossa força nessa hora é a certeza racional – porque o emocional já está todo bagunçado – de que existe Deus e que Ele é a razão mais válida para passar pelo “vale tenebroso” sustentando a esperança de que algo mudará!
Hoje me dei conta de que estou no papel desse pequeno, que foi assaltado da sua alegria, que por conta das feridas perdeu as forças e está à beira do caminho. Porém, diferente desse pequenino, me fechei por medo de ser ainda mais ferida e machucada. É provável que o “bom samaritano” já tenha aparecido, que a hospedaria tenha sido oferecida, mas minha alma ainda não se deixa cuidar.
Na Bula de Convocação para o Ano da Misericórdia Papa Francisco fala sobre a importância de se ajudar quem está na situação destes “mais pequeninos”, de praticar as obras de misericórdia corporais e espirituais. E foi lendo essa Bula que me dei conta da situação em que me encontrava. E também da situação de muitos que apesar de ter a certeza de que Deus é a Misericórdia, ainda precisam tanto sentir isso na sua vida.


No meio do “vale tenebroso” há a beleza de ver que Cristo não desiste e não nos deixa desistir. A pequena voz dentro do seu coração que te diz constantemente: “não terminou, esforça-te mais um pouquinho, que logo a minha misericórdia vem em teu socorro” é a voz que mantém você rastejando e com um pouco de brilho no olhar!
Jesus não nos deixa em nenhum momento, nem mesmo quando não o sentimos ou pensamos que não “fizemos por merecer” a presença Dele em nossa vida. Ele está como uma mãe, que ao ver seu menino dar os primeiros passos, sabe que o filho vai cair e que vai doer, mas sabe que isso é fundamental para o aprendizado.
No meio de tanta dor, a certeza do amor e da misericórdia de Deus!
Se você também se encaixou na figura do pequeno, do jogado a beira do caminho, tenha a certeza que Deus não desiste de você, mesmo que pareça que sim. Ele está ali, esperando você se entregar totalmente para curar as feridas, sabendo que para curar às vezes precisa doer.
Eu não vou desistir! E convido você a comigo lutar para abrir o coração ao Bom Samaritano, a Jesus Cristo, o único capaz de sarar nossas feridas!

Com carinho, orações e à espera,

Michele Cristina

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