domingo, 6 de abril de 2014

Ser terreno fértil em Deus



Meus dedos anseiam por escrever algo que dentro do meu coração parece não mais encontrar espaço. Mas são tantos os sentimentos e pensamentos que brotam que me parece ser impossível alinhá-los de forma coerente. Deus tem feito a semente germinar dentro desse coração duro, tantas vezes como o terreno pedregoso que fala no Evangelho, mas que quer, na sua simplicidade, ser terreno fértil para ver brotar e frutificar tudo que de bom recebeu das mãos do Semeador. Aos poucos vou aprendendo e conseguindo tirar uma pedra ou outra para tornar o terreno do meu coração mais habitável. Por vezes, Deus manda outros jardineiros para me ajudar, pois sabe que na minha pequenez, desistiria se não houvesse quem cuidasse do jardim por mim, vez ou outra. É bonito pensar em quantas sementes são lançadas sem que eu veja, quantas já nasceram comigo e quantas florescem tão delicadamente que só com olhar atento consigo perceber a sua existência. E em cada uma delas vejo o amor e a bondade de Deus, que me escolheu e me amou antes e mais do que qualquer um. Os dons que me deu, os caminhos pelos quais me enviou, tudo faz parte desse cultivo do jardim do meu coração. Faz-me lembrar um trecho de uma música: “Deus me entregou bem mais do que mereço, talvez seja por isso que eu me cobre um pouco mais.” Sim, a cobrança pode ser algo positivo, quando nos leva a ser melhores, a querer ser mais pelo Tudo. E essa busca por ser melhor é justamente a busca de dar bons frutos ao Dono do jardim. Frutos esses que, se já foram colhidos pelo Jardineiro, estão espalhados nos mais diversos cantos, talvez semeando outros corações também. De qualquer maneira esses frutos não me pertencem, mas sim Àquele que os semeou.

 "A dignidade de pertencer a Deus nos obriga, por natureza, a ser diferentes" (Beato João Paulo II)

Dizer que queremos ser terrenos férteis é dizer que queremos ser santos. E para isso é preciso estar atento ao que o Evangelho nos diz, para não deixarmos nosso coração endurecer diante das “belezas” que o mundo nos apresenta. Ser santo não é ser como as imagens que vemos nas igrejas. Elas representam algo muito maior. Nos recordam pessoas que tiveram a coragem de limpar seu terreno, de torná-lo fértil, mesmo em meio a tantas vozes contrárias. Ser santo não é coisa para poucos, é uma vocação de todos nós. E, como vocação é chamado, cabe a nós respondermos dignamente a Deus. Se pertencemos a Deus temos que desejar ser diferente, ser melhor a cada dia, a cada novo amanhecer. E, por mais que não percebamos, esse desejo por ser diferente grita dentro de nós. Nosso coração anseia por pertencer totalmente a Deus, a ser livre para se aprisionar no seu Criador. Por vezes calamos esse desejo com nossos apegos, medos, pecados e inseguranças. Por vezes nos dizemos livres, donos do nosso nariz, mas estamos totalmente presos em nós mesmos, nas nossas vontades, sujando e cercando o terreno do nosso coração, deixando o Semeador de fora. De terreno fértil passamos a terreno baldio, onde o mundo joga seu lixo. É preciso coragem para limpar o terreno do nosso coração para que nele Deus possa semear as mais belas coisas. É preciso aprender a desapegar, a se abandonar, a renunciar as próprias vontades para deixar que as vontades de Deus sejam manifestadas. É preciso ter a firme decisão de ser totalmente entregue a Deus. E não pense que isso é coisa para freira e padre. É decisão de todo cristão, de todo aquele que ama verdadeiramente a Deus. É preciso que Deus seja o centro e o primeiro em toda nossa vida, seja de casado, solteiro ou celibatário. Todos somos chamados a ser terrenos férteis, a dar a vida por Deus, a deixá-lo nos semear com as mais belas coisas, com os mais belos sonhos que nascem de seu divino coração. Limpemos nosso terreno, sejamos terrenos férteis.

Com carinho e orações,
Michele Cristina Pacheco
Escrava inútil de Jesus por Maria

06 de abril de 2014

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