As leituras e o Evangelho desse domingo falam muito sobre
como é a realidade de muitas comunidades cristãs. Na primeira leitura, vemos
que o ciúme e a inveja brotam de corações que não sabem ver outros
profetizarem. E chega ao ponto de tentar impor a sua vontade ao profeta Moisés,
que ensina que não devemos querer interferir na vontade do Senhor.
Na segunda leitura, somos chamados a atenção para a falta
de coerência na vida cristã, onde aqueles que muito têm, muitas vezes não
repartem com os irmãos, deixam-se levar pela cobiça e acabam se tornando
injustos, mesquinhos e deixando de lado o chamado a partilha. Vejamos que hoje
muitos de nós, mesmo sem sermos ricos financeiramente, negamos o direito do
próximo, deixamos que a fama, o sucesso nos cegue e faça de nós pessoas mais
distantes possíveis do ideal cristão.
No Evangelho vemos que os discípulos são ciumentos a
ponto querer mandar em Jesus, dizendo o que Ele deve ou não fazer. Aí temos a
imagem do que muitas vezes acontece em nosso meio. Cristãos que, conscientes ou
inconscientes, se tornaram “donos da Igreja” e de Cristo por consequência.
Pessoas que impões regras e determinam a fé e a devoção. Que se percebem alguém
que está se destacando por qualquer motivo, na mesma hora já fica com medo de
perder e faz de tudo para afastar aquela alma de Deus. Nada pode ser feito sem
passar por eles, nem o padre, nem o bispo, nem o papa podem decidir nada sem
consulta-los antes. E pessoas ciumentas encontramos em todas as realidades da
nossa vida de Igreja: na catequese, na liturgia, nos grupos de cantos, nas
coordenações, nos grupos de jovens, em meio aos diáconos, sacerdotes, bispos,
etc. Ninguém está livre de passar por essa situação ou até mesmo de ser essa
pessoa.
E Jesus continua a nos alertar que a pior coisa que
fazemos é escandalizar algum desses inocentes que estão iniciando na fé. Ele
nos alerta sobre a importância de lutarmos contra aquelas coisas que ainda nos
afastam de Deus e que prejudicam a nossa vida e a do próximo. “Se teu olho te
leva a pecar, arranca-o!” (Mc 9, 47). É preciso “arrancar o mal pela raiz”,
cortar relações com o mal, com o pecado, com a tentação, com o ciúme, a inveja,
a perseguição descabida, enfim, com tudo aquilo que mancha o ideal de cristão.
Somos chamados por Cristo a sermos a Sua Imagem e
Semelhança, e se aceitamos ser cristãos devemos procurar com todas as nossas
forças lutar contra o que ainda nos impede de dar mais um passo nessa direção.
Rogo ao Senhor para que eu e você, tenhamos o coração
ancorado na vontade do Senhor para a nossa vida, deixando para trás tudo aquilo
que não nos leva a sermos melhores.
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